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1º Comuna Intergaláctica 

ARTE E ASTRONOMIA NO OBSERVATÓRIO DO VALONGO

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PROGRAMAÇÃO

 

RÁDIO DEBATE

  • Apresentações de 10 a 20 minutos, com debates sobre os temas. Aberto à interlocução.

 

INSTALAÇÕES

  • Instalações artísticas autônomas.

 

PERFORMANCES

  • Performance em qualquer área externa (jardim)  do Observatório.

 

RUÍDO GALÁCTICO

  • Músicos, ruidocráticos, noise espacial, ruído estelar, apresentações musicais relacionadas ao tema.

 

CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

  • Espaço para contadores de histórias, cosmogonias livres, ficções, narrativas espaciais, etc.

 

PROJEÇÃO DE VÍDEO

  • Noite inteira de projeção de filmes, vídeos, documentários, etc

 

EXPOSIÇÃO DE OBRA

  • Espaços para exposição de obra por 1 mês

 

LANÇAMENTO DE LIVRO

  • Aberto para venda de livros, revistas, zines, hqs, etc.

 

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Comuna Intergaláctica surge do desejo de criar comunas multiversais! Comunas atuais, urgentes, constituídas de pessoas que se conectam, se atravessam via suas investigações, e principalmente que colaboram uma com as outras. 

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Essa ação-evento tenta mirar desde o olhar das galáxias vizinhas sobre o pontinho minúsculo que é a Terra, para pensá-la como é: uma sorte, um acaso maravilhoso, advindo de infindáveis interações cósmicas. E deste pontinho de sorte pretendemos, pela via da arte, expandir nossas concepções sobre nós mesmos e potencializar nossa existência terrestre. 

Nós habitantes da Terra sabemos que as coisas não andam muito bem por aqui. Mas a boa notícia é que admiramos que a natureza não apenas não dependa de nós, mas aja sobre nós. Age, sobretudo, sobre nossas experiências cotidianas, sensações, trocas que não sabemos ler nem nomear mas por vezes deixamo-nos acessar ou simplesmente vivemos inconscientemente. E por isso, contrariando um antropocentrismo já antiquado, percebemos que precisamos recriar constantemente engenharias sociais que façam avançar nossas pronóias hipersticionais ancestrofuturistas (a certeza que o universo conspira ao nosso favor, que nossas ficções se tornam realidade, e que não estamos presos no tempo presente). Não apenas para uma suposta redenção humana diante dum antropoceno já delineado, mas para ativar as forças intergalácticas que nos constituem, e, munidas destas, disputarmos a cosmopolítica da Terra. 

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Acreditamos que nossas múltiplas ancestralidades figuram nesta comuna multiversal com traços inerentes dos astros. Estrelas e meteoritos, somos brotos da panspermia big bangueriana assentados numa biosfera propícia, até hoje. Mas se nosso céu nos tem sido roubado por nós mesmos, e por nossas nocivas megalomanias industriais, cravamos aqui, e cada vez mais, nossa relação com o Universo. Relação versada desde o campo dos conhecimentos especializados a respeito do céu, abrindo mão, porém, das versões que nos traduzem diariamente o que devemos neste sermos capazes de ver e sentir. Enquanto alguns o esquadrinham e o capitalizam, nós mesmos não costumamos erguer nossos olhos entre os grandes edifícios para buscar o que resta de céu escuro. Mas acreditamos ainda na triangulação que permite que o cosmos, mesmo sabidamente planificado por nossos sistemas oculares, nos diga por onde seguir. 

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Se é verdade que pesquisas científicas são fundamentais para o nosso crescimento enquanto população planetária, também é verdade que temos que buscar mais acesso a essas pesquisas para poder promover com elas, uma ética exponencial de nossa existência cósmica. Essa ética em construção, nos parece, deve levar em conta perspectivas da ancestralidade radical do Planeta Terra, e da sua dança orbital ao redor do astro de fogo, 

que por sua vez faz sua própria gira celeste, e assim sucessivamente até os mais distantes rincões da física e metafísica. A arqueoastronomia parece saber disso, do quanto os desenhos dos antigos em cavernas subterrâneas mantinham uma profunda relação de pertencimento com a abóboda estelar que lhes fazia frente, assim como nos faz. Nós modernos (apesar de que nunca tenhamos sido, como nos diz o filósofo), mediamos o céu via gadgets, e nos dedicamos a esteiras de interpretação que muitas vezes destroem nossa experiência caosmótica, e nos encurralam em ambientes restritos de imaginação e de experimentação deste céu e de nós mesmos. Por isso temos que pegar o Espaço de volta a nosso convívio: takebackthespace! Não permitiremos nosso sequestro por muito tempo. 

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A astronomia, por si só, é considerada uma disciplina poética. Seus profissionais miram acontecimentos inalcançáveis, mas imagináveis. Ilustram a expansão do universo, os buracos negros, as formações de constelações; criam imagens através de cálculos. Assim, olhamos atônitos para este universo representado, ao mesmo tempo que observamos também atônitos nossa ação já inapelável sobre o planeta azul. São questões de escalas como estas que interessam às reflexões que queremos construir, incentivar, quando armamos uma Comuna cujos sentidos não desejam mediações impostas que não sejam as dadas pelo Universo. 

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O campo da ciência, a Astronomia, quando abre as portas para que manifestações artísticas aconteçam em seu seio, correndo riscos inerentes a este contato, parece estar tentada a se aproximar da criação para além de suas práticas eficientes, e conviver respeitosamente com compreensões tanto ancestrais quanto elocubrativas deste universo de escalas espaço-temporais assombrosas. Compreensões estas que designam modos de vida na Terra. E assim, abre espaço para que formas de conhecimento não tradicionais, contaminem a atmosfera da investigação científica de camadas de imaginação não-eficiente, mas também constituidoras de realidades, e cujos modos figuram no que são capazes de imaginar. Em retorno, compartilham conosco seus conhecimentos científicos, nos contaminando com suas denominações e surpresas advindas das pesquisas mais sutis no universo destamanhado, mas familiar. Fazemos parte desse todo, afinal. A partir daí entram em jogo em nossos corpos e vidas as galáxias interativas, as poeiras cósmicas, a formação das constelações, o nascer e ocaso dos astros, esferas celestes, formação de planetas, entre tantas outras coisas. 

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Os programas espaciais geralmente carregam uma herança tecno-ideológica que pensa a arte por exemplo, como algo paliativo, uma experiência do belo, não algo fundamental para pensar as políticas do espaço. Essa hierarquia se agrava quando compreendemos a profunda subalternidade entre os próprios programas espaciais divididos em países ricos e países pobres. Os programas espaciais latino americanos sofrem dessa falta de autonomia, a constante desautorização, e no nosso caso brasileiro sofremos com o agravante de pertencermos a um governo que não privilegia, como deveria, a produção científica local, e quando privilegia é no sentido da imitação desenvolvimentista e não da produção singular. A Comuna intergaláctica então, funciona para promover também uma cultura espacial, desde a visão dos povos autônomos em geral, do Brasil em particular, trazendo à tona nossas heranças antropofágicas. 

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Muitos programas espaciais e de astronomia, como NASA (National Aeronautics and Space Administration), ESA (European Space Agency), ISRO (Indian Space Research Organization), entre outros, têm aberto ao longo das últimas décadas seus espaços de pesquisa para receber projetos de arte e residências artísticas, e isso tem colaborado para potencializar a pesquisa em arte e tecnologia, arte espacial, dado o acesso a equipamentos complexos. Mas os artistas engajados nesses processos ainda reclamam da falta de importância dos seus trabalhos diante dos julgamentos científicos, e da falta de participação na criação de projetos espaciais. Talvez porisso esteja surgindo propostas de associação entre ciência e cultura em algumas organizações como ITACCUS (Commitee for the Cultural Utilization of Space – ligado à Federação Internacional de Astronomia), onde se dá prioridade às propostas políticas e culturais voltadas ao Espaço. Nesse contexto também vêm surgindo programas espaciais civis que atuam com uma visão crítica/política/poética sobre a utilização do Espaço. O MSST (Movimento dos Sem Satélites) representa isso, assim como algumas agências espaciais independentes como PSA (Palestinian Space Agency), ASRP (African Space Research Program), KA (Kongo Astronauts), CEM (Coletivo Espacial Mexicano), ou CS (Copenhagen suborbitals), entre outros. 

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Há também dentro do campo da arte e tecnologia uma produção profícua de grupos que promovem essa visão crítica/política/poética, muitos relacionados à hackerspaces ou satlabs, diretamente conectados com as tendências científicas espaciais como Arts Catalyst, Kósmica, Arte en Órbita, Association of Autonomous Astronauts, Orbitando Satélites, MUR.AT (Space Art Project), entre outros, que em seus projetos anunciam a independência espacial civil, a disputa ideológica das explorações espaciais, a ocupação de satélites obsoletos, ou criação de redes de satélites independentes (das corporações de comunicação ou programas de Estado), alguns ligados à universidades, outros completamente autônomos, alguns mais expositivos, outros mais no hackerismo. No Brasil estamos iniciando esse campo de pesquisa no INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), onde pretendemos abrir um programa de residências de arte e tecnologia em São José dos Campos em 2018, assim como continuar os projetos com o Observatório do Valongo e outros setores da ciência astronômica, para promover mais acesso e pesquisa na área da Cultura Espacial, e com isso impulsionar a conexão entre os campos das exatas e das humanas, entre ciência e arte.

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Comuna Intergaláctica é, finalmente, resultado de uma chamada aberta, dirigida para pessoas interessadas em arte e astronomia. Todo o processo foi colaborativo. Ao não fazer uma curadoria, mas uma organização colaborativa, nosso desejo foi ativar a troca entre os desejantes de um ‘tomar o espaço de volta’, e incentivar uma cultura espacial desde os trópicos. Exercemos assim um outro tipo de produção de um evento-acontecimento, que não se contenta em reproduzir hierarquias tão comuns ao campo das artes, mas age em-relação, pretendendo criar por aqui uma primeira de muitas comunas intergalácticas.

 

ORGANIZAÇÃO: 

Fabiane M. Borges e Paula Scamparini 

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PRODUÇÃO DO VALONGO: 

Daniel Mello,Felipe de Almeida, Hélio Jaques Rocha Pinto, Rundhsten V. de Nader, Silvia Lorenz Martins ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO: 

André Luiz Scient, Fátima Aguiar, Ga Ma, Luiza Alves de Oliveira, Matheus Felipe Xavier, Thaís Cruz

 

APOIO: 

Observatório do Valongo 

NANO (Núcleo de Novos Organismos /PPGAV/EBA/UFRJ) 

CCMN/UFRJ (Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza) 

GAE (Grupo de Pesquisa em Arte e Ecologia UFRJ/UFJF 

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PARCERIAS: 

Rádio Volúsia – rádio web 

Filmes para bailar – documentação 

Bureau de vez – fotografia e vídeo 

Lanchonete <> Lanchonete – alimentação 

MSST (Movimento dos Sem Satélites) 

SACi-E (Subjetividade, Arte, Ciência – Espacial) 

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PARTICIPANTES: 

Aderbal Ashogun Moreira 

Afonso Apurinã 

Alana Aparecida de Almeida Santos (artista) 

Ana Carolina Lourenço 

Analu Cunha 

Antônio Girão 

Beatrice Catarine Chagas Terço 

Bruno Viana 

Bárbara Tércia (artista) 

Cacau Amaral 

Camila Vaz de Almeida 

Cecília Cavalieri 

Cila MacDowell

Clara Acioli 

Daniel Mello 

Derick Magalhães 

Dilmar José 

Eduardo PS 

Felipe Neiva 

Felipe de Almeida 

Fernando Daguanno 

Flora Uchoa 

Flávia Goa 

Gabriel Holliver 

Gabriele Sciortino 

Heidy Quitián 

Hélio Jaques Rocha Pinto 

Isabelle Alves Passos 

Isis Mendes Távora 

Joelma Batista 

João Maia Peixoto 

Larissa Silva Douetts 

Laura Fragoso 

Leandra Lambert 

Leandro Salgueirinho 

Lucas Weglinski 

Luciana de Paula Santos 

Luiz Gutierrez 

Marcos Bonisson 

Mateus Gama e Lua 

Paula Villa Nova 

Paulo Andringa 

Pedro Diaz 

Poeta xandu 

Rafael Frazão 

Rebecca Moure 

Rogério Borovik 

Rundhsten V. de Nader 

Silvia Lorenz Martins 

Susan Sarmento Voloch 

Tathiane Peixoto de Andrade 

Ticiano Lima de Souza 

Valter Reis 

projeto Dehors 

Índia Neves 

 

Linha de pesquisa

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